Valor ou
valores?
Banana is my business. – para ler após assistir ao
filme que conta a história de Carmen Miranda
Valor ou preços?
Se considerarmos o dinheiro como
valor abstrato de algo, talvez possamos compreender essa diferença entre valor e
valores de outra forma. Talvez ajude pensar que uma banana pode representar uma moeda, pois como tudo tem um valor, uma banana poderia ser igual a um real, por exemplo. Cada país, portanto, tem uma moeda e esse
dinheiro vale de formas diferentes. Em alguns países é preciso duas
bananas para ser equivalente a uma moeda de lá. Até
aí é fácil, esdrúxulo até, mas a intenção é se chegar no
preço. Para se criar um preço, um valor para algo, muitos valores estão envolvidos.
Quem
fez, quem fabrica, quanto se gasta em material estes são alguns valores que devem ser somados para se chegar ao preço final. Porém, se cada um precisa colocar um preço pelo seu trabalho,
teremos uma confusão de valores. Quanto deve valer o seu trabalho? E quanto realmente vale nesse mercado? Qual deve ser o parâmetro para se chegar ao valor de seu trabalho?
Se a partir dessas três despesas acima listadas (mão de obra, material e transporte ou armazenamento) acertarmos um valor, teremos um preço. Um valor ajustado entre pessoas de uma mesma cidade ou um mesmo país, que se utiliza de uma mesma moeda para medir os valores. Podemos dizer que o: “– Tá pá quanto?” final está definido. Porém, ajustado o preço que incluiu todas as despesas citadas teremos um valor justificável; o que não significa ser justo.
O preço de algum produto pode
ser justificável, mas não ser justo? Sim, se compreendermos justificável pelo tanto de gente por onde esse o produto passou, por onde esse objeto andou, é compreensível. Porém, pode não ser justo para o bolso de quem precisa comprar.
Não é justo, portanto, o preço de algo quando não há justiça neles. Parece óbvio, mas a não equivalência entre o que se ganha e o que se precisa gastar para viver é sempre problemática. Preços altos, com salários que não conseguem pagar as necessidades básicas, ou seja as compras necessárias para a subsistência torna o justificável, injusto. Não é justo, porque não cabe nas receitas de quem precisa comprar.
Se ser justificável é diferente de ser justificado. Poderemos compreender a mão dupla de se estipular um preço. Mas, então quem deve ganhar mais: quem trabalha na terra, direto? Quem embala o alimento? Quem o vende? Quem o transporta? Quem guarda o seu dinheiro? Quem te dá formas de comprar, sem o dinheiro em papel?
Sim a intenção não é a de encontrar respostas, mas questionar o valor do trabalho de um professor hoje. Sabemos que alguns do poder executivo calculam a educação pública não pelo valor de quem produz, mas sim pela quantidade do produzido final. Neste caso, na educação, o produto final são os formados, os alunos que serão profissionais. Difícil essa conta.
E continuo me perguntando. Nesse mercado de valores quanto deve valer cada trabalho? Quando assisti ao filme “Banana
is my business” também pensei sobre os valores. Sobre a importação, sobre as moedas. Imagino que para uma Carmem Miranda ter de lidar com o preço de uma cultura não deve ter sido fácil. O quanto os valores que uma outra cultura dava a ela e a cultura dela, a brasileira. E o quanto os brasileiros modificaram a cotação da personalidade ao ser "exportada.
Exportar a sua cultura não deve ser fácil, imagino como é se descobrir um país exportador de bananas? E como é se descobrir um país importador de cultura? Penso também no valor de nossa cultura? Quanto vale importar? E quanto vale exportar nosso jeito de ver, de compreender, de pensar? Será que vale? Qual o preço seria justo para nosso conhecimento? Será que temos conhecimento de algo? Será que o que temos pode ser chamado de conhecimento? Será que é válido? Quanto deve valer lá fora?