domingo, 2 de abril de 2017

Perguntas de uma professora que lê: valores e conhecimento

Sim, este é  um quase poema, um quase intertexto do que escreveu Bertod Brecht - Perguntas de um operário que lê 

Mais um exercício que costumo fazer com os alunos,  feito agora por mim.


O conhecimento vale muito,
Vale a pena ter.
O conhecimento é propriedade?
Deve-se ter?

Vale conhecer.
Mas quanto vale? Se em cada saber, se em cada conhecer, se em todo o ensino eu pago.
Mesmo que seja público o ensino, eu pago. Eu pago quanto?

Eu pago a quem? A quem pago pelo conhecimento?
A instituição da escola? Ao professor?Ao governo?
Eu decido sozinho o que deve ser o conhecimento necessário para as próximas gerações?

Que conhecimentos eu pago?
Que conhecimento é pago?

Alguém diz o que devemos aprender.
Quem é que diz o que o certo?
Quem diz o que se deve aprender?
Nos manuais de currículo mínimo está o que devemos ensinar. Quantos anos leva  para se criar um currículo mínimo?
Quem o cria?
Será que nele está o fundamental, o necessário para o saber de hoje?
O que está no currículo oficial ainda é o mais importante?

Voltemos a pergunta inicial  sobre o valor do conhecimento.
Se o conhecimento também vale, será que ele vale sozinho?
Será que ele vale sempre a mesma coisa?
O valor do conhecimento como pode ter um preço, mas são tantos os valores. E quem  é que paga por isso?  
O valor dorme em berço esplêndido, enquanto tudo aumenta.
Mas o valor mesmo, o quanto vale a você  e para mim, sempre é diferente. Eu valorizo mais isso, esse saber; você valoriza mais aquilo.

Aí, se complica,
Por que o que é valor aqui, neste país, em outro país não vale?
O que era um aqui, acolá vale dois.
Como pode, ora pois?
São tantos os conhecimentos, tantos são os valores...


Justiça é ? Deixemos essa pra depois.

Uma ficha de aula com a poesia de Brecht:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=9861

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