quinta-feira, 20 de abril de 2017

Pátria Educadora, pátria educadora?


(Escrito em  outubro de 2015, 
publicado com revisões em abril de 2017)

      Tudo que diz respeito a mim, eu leio. Educação, principalmente, eu leio; pois além de dizer de minha profissão, também fala sobre o futuro. Talvez não mais sobre o meu futuro, mas o dos meus familiares descendentes. E observando comecei a compreender de  outra forma o slogan que me agoniava: “Pátria Educadora” do governo anterior.

      Eu me perguntava sempre o porquê de conter, em todas as aparições públicas, o mesmo slogan, creio que ainda estaria se fosse o mesmo governo: Pátria Educadora. Sempre, ao fundo se destacava.

      Depois de muito me questionar sobre esse assunto, chego à conclusão de que o lema estava certo, apesar de tudo. Talvez não como slogan, como propaganda de um governo, talvez represente mais  como alerta. Se pudesse ser questionado toda a vez que fosse lido, melhor. Assim eu fazia e como eu também outros deveriam perguntar: por que educadora? Eu entrava em sala de aula com tantos problemas, os mesmos de tantos anos. Mas porque educadora?
      
      Além de todos os percalços, considerados naturais, da escola, compreendi a mudança. Pois agora não é mais só a escola que educa, quem forma, ou quem dá a possibilidade de transformação. Nem só da família pode vir esta função. Já tem sido diferente,  e talvez sempre o fora. O efeito do lema agora é o de nos chamar atenção para os espaços: é da pátria, mais do que nunca,  dos espaços públicos ou privados, dos espaços virtuais ou reais que vem a função da educação. A pátria, o país, as redes sociais, a internet, as ruas são espaços em que se faz a educação no Brasil. Quiçá no mundo também seja assim: pátrias educadoras.
      
      São os espaços, além dos muros da escola, que formam ideias e ideais. Mesmo sabendo que vivemos em uma bolha nas redes sociais, que só visualizamos assuntos os quais concordamos ideologicamente, mesmo sabendo que podemos estar restritos ao que nossos amigos ou conhecidos pensam. Ali também nos formamos, discutimos sobre muito.  Grande parte do que é lido pode e deve ser descartado, é verdade. Notícias falsas devem ser lidas para que não sejam mais compartilhadas. Mas o jeito de se vestir, os autores que procuramos por ler e mesmo nas discussões, estamos sempre nos educando, uns aos outros, mais velhos ou mais novos, a favor ou contra qualquer coisa.

      Também tem sido assim nas escolas, nas ocupações feitas pelos alunos. A educação, como conhecemos, deixou de ser realizada apenas nas salas de aula, a TV deixou de ser esse local único em que atuávamos como meros espectadores.  Cabe a nós agora filtrar esse tanto de opinião, mais esse tanto de informação, transformar em atitude o que conseguirmos captar desse montante de vozes. O papel de educador agora é do Brasil como um todo. E você qual tem sido o seu papel como educador?



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